sábado, junho 21, 2008

Café com o Poeta



A Chuva
La Lluvia
Jorge Luis Borges


Bruscamente o ar se fez iluminado
Porque já cai a chuva minuciosa.
Cai ou caiu. A chuva, por enganosa,
É uma coisa que ocorre no passado.
Quem a ouve cair crê resgatado
O tempo em que a sorte venturosa
Lhe revelou uma flor chamada rosa
E a curiosa cor que é o encarnado.

Esta chuva, que cega o cristal, há de
Alegrar em perdidos arrabaldes
As negras uvas de uma parreira e o seu
Pátio que já não existe mais. Molhada
Traz-me a tarde de volta a desejada
Voz - a voz do meu pai que não morreu.

[A Luís de França Martins(In Memoriam), em Antologia Poética de Tradudores Norte-rio-grandenses - Organização de Nelson Patriota - Tradução de Jarbas Martins]

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