quarta-feira, dezembro 16, 2009

Café Pagú





Tá bom, eu confesso: queria ser Pagú

Canal

Pagu/Patricia Rehder Galvão


Publicado n'A Tribuna, Santos/SP, em 27-11-1960




Nada mais sou que um canal


Seria verde se fosse o caso


Mas estão mortas todas as esperanças


Sou um canal


Sabem vocês o que é ser um canal?


Apenas um canal?





Evidentemente um canal tem as suas nervuras


As suas nebulosidades


As suas algas


Nereidazinhas verdes, às vezes amarelas


Mas por favor


Não pensem que estou pretendendo falar


Em bandeiras


Isso não




Gosto de bandeiras alastradas ao vento


Bandeiras de navio


As ruas são as mesmas.


O asfalto com os mesmos buracos,


Os inferninhos acesos,


O que está acontecendo?


É verdade que está ventando noroeste,


Há garotos nos bares


Há, não sei mais o que há.


Digamos que seja a lua nova


Que seja esta plantinha voacejando na minha frente.


Lembranças dos meus amigos que morreram


Lembranças de todas as coisas ocorridas


Há coisas no ar...


Digamos que seja a lua nova


Iluminando o canal


Seria verde se fosse o caso


Mas estão mortas todas as esperanças


Sou um canal.

3 Comentários:

Às quinta-feira, dezembro 17, 2009 , Anonymous Samuel disse...

afinal
tamara é pagu
ou pagu é tamara?

legal, girl

 
Às quinta-feira, dezembro 17, 2009 , Anonymous Anônimo disse...

Que belo poema,Tam.

Bjs.

 
Às quinta-feira, dezembro 17, 2009 , Blogger Cinha disse...

Ai ai ai.. preciso confessar:

Eu também quis ser Pagu quando a estudei na época da facul.

Ela me converteu para outro mundo. O que vivo hoje.

Salve Patrícia Galvão (inspiração)!
Salve Tamara Matins (amiga do coração)!

 

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial