domingo, setembro 14, 2008

Café no Solar


-tá rezando para quem, tia Lourdes?

-para todo mundo, minha filha. Para os que já se foram também, minha filha.


***

-parananan parananan lá lá lá...

-era disto que eu estava precisando!

Dona Cózinha começa a cantar e dançar, em plena sala da casa de repouso, segurou a minha mão e declamou poesias: "Eu sou gente como a gente, eu era apenas uma sargenta".

Eu começo a tocar a "música da noiva" e ela abre o sorrisão de agradecimento. Por instantes se lembra de algo, algo bom que já passou, que ficou perdido na mamória deteriorada pela doença.

Mas os sentimentos, mesmo manifestados em outra lingua inventada por ela, seu próprio dialeto imaginário, foram externados.

Dona Lurdes me entende, Dona Cózinha também, e neném me deu o quadro do papa j. Paulo II, para eu pôr no meu apartamento.

sábias e guerreiras mulheres cheias de sentimentos e, com mais de 80 anos.

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