Café Luma
Ela virou uma rosa no meu jardim, meu jasmim negro. Luma, 15 anos, era minha rotwailler que faleceu hoje.
Voltei em Natal, pois eu sabia que ela ia partir. A última imagem era dos seus olhos café que se despediam de mim. Não quis comer logo cedo, mas quando eu cheguei ela estava deitada no jardim como se fosse uma flor. Acho que queria ser lembrada assim, como um botão. Comeu na minha mão e depois bebeu água.
Alisei a cabeça de Luma e ela quase não respirava. Voltei ao jardim e ela estava dormindo! A morte de Luma foi lilás.
Não foi o primeira(o) e nem será a última(o). Sinto saudades de Rilke, Ralf e Teca. Agora eu vou criar dois peixinhos: Dory e Nietzsche.
Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente sinhá Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo.
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.
Fonte: RAMOS, Graciliano. Vidas secas, 82ªed. Rio de Janeiro: Record. 2001. p. 85-91.
1 Comentários:
Chora não, Tamara. Luma, a de olhos café, tá no céu dos cães junto com Baleia, a que sonhava com uma terra cheia preás gordos, e a cadela Lassie, a atriz mais famosa dos meus tempos de criança.
Bjs., Samu.
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