segunda-feira, outubro 30, 2006

Só de passagem





No me des tregua,
no me perdones nunca.
Hostígame en la sangre,
que cada cosa cruel sea tú que vuelves.
¡No me dejes dormir, no me des paz!
Entonces ganaré mi reino, naceré lentamente.
No me pierdas como una música fácil...
[Cortázar]


sexta-feira, outubro 27, 2006

Noir et Blanc


Vejo o mundo passar
como uma escola de samba
que atravessa
aquela primeira avenida.

quinta-feira, outubro 26, 2006

Quem é Louco?


Ele que ouve vozes ou você que não ouve ninguém?
Ele que vê as coisas, ou você que só se vê?
Ele que diz o que pensa ou você que não pensa para falar?
Ele que diz ser rei ou você que se acha um e não diz?
Ele que não estabiliza o humor ou você que o finge estável?
Ele que cria neologismo ou você que não sai das estereotipias?
Ele que tem fugas de idéias ou você que não abre mão das suas?
Ele que não dorme à noite ou você que dorme durante toda a vida?
Ele que tenta se matar ou você que se mata todo dia?
Enfim, quem é louco?
Ele que não se mascara ou você que não tira a máscara e vive na fantasia?
Quem é louco?
Tire sua máscara antes de perguntar...

Por Gisele Torres
paciente do Centro Psiquiátrico Pedro II, Rio de Janeiro.

Assisti e gostei muito - Cinema, Aspirina e Urubus - Dirigido pelo estreante Marcelo Gomes, o longa-metragem foi um dos grandes premiados do Festival do Rio de 2005. O road movie recebeu o prêmio especial do júri e o João Miguel, que interpreta o protagonista Ranolpho, levou o prêmio de melhor ator.
Homepage Oficial:
http://www2.uol.com.br/urubus/

quarta-feira, outubro 25, 2006

Café com Palavras

As palavras escritas não são mudas
elas gritam, cortam feito canivete
entorpecem qualquer pivete.
São deusas, são haréns
sabem fazer você de refém.
As palavras escritas brincam em mesquitas
parecem até esquisitas, se vestem de plumas ou de chitas.
São vilãs, luta a quatro mãos pela verdade não dita.
Se metem uma dentro da outra, buscando aquelas perdidas
palavras fingidas.
As palavras escritas, dançam, e quando se cansam
deitam-se enfileiradas na beira do lago...
Calam-se ao te ver passar.

terça-feira, outubro 24, 2006

Café com Retrato




O que você consegue ver no silêncio de um retrato?

A alma intocável estampada,

o rosto imortalizado.

A emoções azuis, vermelhas, verdes, amarelas...

As lágrimas e os risos soltos.

A angústia de quem quer gritar

e já não consegue.

O olhar fragmentado nos resquícios de tintas e luzes.

O céu pastel, ou em tons avermelhados e alaranjados

de um final de tarde.

Somente um trato!


Um trato de um instante congelado.