Café Fotográfico
O FOTÓGRAFO
Manuel de Barros
Difícil fotografar o silêncio.
Entretanto tentei. Eu conto:
Madrugada a minha aldeia estava morta.
Não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
Eu estava saindo de uma festa.
Eram quase quatro da manhã.
Ia o Silêncio pela rua carregando um bêbado.
Preparei minha máquina.
O silêncio era um carregador?
Estava carregando o bêbado.
Fotografei esse carregador.
Tive outras visões naquela madrugada.
Preparei minha máquina de novo.
Tinha um perfume de jasmim no beiral de um sobrado.
Fotografei o perfume.
Vi uma lesma pregada na existência mais do que na pedra.
Fotografei a existência dela.
Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
Fotografei o perdão.
Olhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.
Fotografei o sobre.
Por fim, eu enxerguei a Nuvem de calça.
Representou pra mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakovski - seu criador.
Fotografei a Nuvem de calça e o poeta.
Ninguém outro poeta no mundo faria roupa mais justa para cobrir sua noiva.
A foto saiu legal.
texto extraído do livro:
"Ensaios fotográficos"
Manoel de Barros
Café Vibrations
Salve Jorge, Salve, Jorge, Salvem o Jorge.
E a Feira fechou com chavão, e segundo Itamar Assumpção, Chavão fecha porta grande.
Ainda processando muitas informações de 5 dias no rock e adjacentes.
Música, literatura, dança, poesia, roteiro, direção, política...
Alguns compromissos me seguram por esta semana na cidade. Aproveita para convidá-los para semana de festejos no Grupo de Apoio a Criança com Câncer - GAAC. Entro em exposição na sexta, mas como não estarei lá para presentear as mães, minha mãe vai por mim.
Me emociona trabalhar com as crianças, sejam elas de qualquer cor e raça. A parada final é na África, mas sem pressa.
A Baía da Traição tá agendada e fico na aldeia sábado e domingo, depois do casamento da amiga Pollyana, em JP, que será lindo, certeza.
E segunda já tem preparação para entrar nos esnsaios da peça "O Pequeno Príncipe."
Não te preocupa que eu dou conta.
;-)
Beijos e até...
Café no Busão
Ô bicho besta é a própria prole. Não vamos generalizar, mas a cada dia eu me surpreendo mais.
-Esse assalto é R$ 2,00?
-Sim. Só que deveria ser R$ 3,00
-Ah, é? E seu salaria continuar lá embaixo?
Só me acontece fato curioso. Acho que vou até gravar "um dia na minha vida", que é registrar meu cotidiano só para mostrar que não é surreal, mas a realidade me choca.
Meu diálogo com o cobradaor de ônibus aí em cima me deixa triste.
O cara ganha mal, passa humilhação na empresa, tem um sistema de transporte público fodido e vem me dizer que a passagem deveria ser mais cara? cara de pau mesmo.