Café Mmenor
Você vai notar olhando ao redor
Que sou dos males o menor
Pode até contar com o meu amor
Naquilo que seja lá o que for
Sofrer é antigo por isso que digo
Basta estar vivo pra correr perigo
Pra tudo conte comigo
Darei meu abrigo se quiser abrigo
Se for pra brigar por você também brigo
Pra tudo conte comigo
Você vai notar olhando ao redor
Que sou dos males o menor
Pode até contar com o meu amor
Naquilo que seja lá o que for
Minha flor de trigo meu licor de figo
Diga aonde irás que é pra lá que eu sigo
Pra tudo conte comigo
Eu quero estar contigo meu sexto sentido
Serei inimigo dos teus inimigos
Pra tudo conte comigo.
[Itamar Assumpção]
Café Chicote
Ainda vão me internar por causa da minha eterna luta quixotesca.Postarei um link para um certo blog, pois bateu uma preguicinha de transcrever do livro pra cá.Anton Paolovitch Tchekhov:http://www.gargantadaserpente.com/coral/contos/at_brincadeira.shtml
Café em Cena
Minhas palavras seguem rumo, prumo, ritmo próprio
Minhas letras têm independência de viver por intenso, extensoMudo a rota, ajusto as velas pra você.
Café na Russia Brasileira
O amor é sede depois de se ter bebido - Guimarães RosaNão tenho como negar que estou numa fase bemmm Guimarães Rosa com ar de Maiakóviski, não tem.Como também disse o Rosa: Se a gente tem amor, qualquer amor, já é um pouquinho de saúde...
um descanso na loucura.
Café na Calçada

Eu também quero escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. Pode ser assim: ler uma árvore, escrever um filho e plantar um livro.
Em meio ao turbilhão dos acontecimentos globais eu me deparo com este querer. Em meio a chacinas, corrupção, inversão de valores cá estou eu pensando em abobrinhas. Pensando que rímel devo comprar, que roteiro vou escrever ao final do ano, que música estou desejando.
Que culpa tem eu? Voltando ao querer...é, eu quero esse pacote completo todinho, e venho querendo a cada dia mais, sem vergonha de admitir.
Acho que o retorno de saturno veio côlher as romãs, sucumbir minhas vestes brancas.
Mas assim que dobro a terceira rua, do segundo quarteirão, o tempo fecha, a chuva cai e encontro a prosa sentada na calçada, que me chama para prosear.
Bom, acho que vou ali ler uma árvore que é melhor.
Café Praieiro
O sorriso é floral, de estampasSe beija te gela com gelo fogo que queima pelas entranhas da pele bronze solNos gestos leva o jeito malemolente que nunca amola amolenga Rendeiras praieiras tecem os fios de alegria que te vestemNos olhos dá para ver quilometros de estradas sem fimOs pés pisam a terra que brota tua paz alma cor brancaDebruçam sob seu peito de acalanto todos os sonhos mais azuisNa direção que segue, a mais lúcida loucura sensata alheia pede carona
Café com o Anjo
Resposta ao Anjo Gabriel
Agora que aprendeste a incendiar-me
e me adivinhas inteira dentro do vestido
agora que invadiste a sala e o chão de minha casa
agora que fechaste a porta
e me calaste com teus lábios e língua
peço-te afoitamente
que me faças assim
ínfima e sagrada
muito mais pornográfica do que lírica
muito mais profana do que tântrica
muito mais vadia do que tua
[Iracema Macedo, em Lance de Dardos]
Café com Gérberas
Travessias e travessuras sussuram
as avessas
Doces e sorrisos na janela me chamam
Vejo gérberas girassóis tulipas
e acho tudo tão simples, sutil
mesmo sendo segunda seguindo em frente
Café Santorini
Aqui chove. Não é inverno nem verão.Neblina cai melhor e, literalmente, é o que está caindo do lado de lá.Essa prosa, uma rosa, o clichê...só porque é primavera, Vera.Quais notícias você me traz? Aqui anda tudo na santa paz, preciso um pouco do seu inferninho.Anda tudo muito arrumadinho, bonitinho com este seu feinho.Só falta você voltar e estabanar a minha vida.Santorini, setembro de 1982.
Café com Coração
Nos demais,
todo mundo sabe,
o coração tem moradia certa,
fica bem aqui no meio do peito,
mas comigo a anatomia ficou louca,
sou todo coração.
[Maiakoviski]
Café com Flores

Manhã, cedo.
Um gole de poesia.
Café quente amargo preto.
Música baixa.
"O seu exército invadindo o meu país"
Alô, amor?
Eu sei respeitar as minhas lágrimas
E o meu sorriso respeito em dobro.
Café no Guimarães Rosa
[Rosa
"O correr da vida desembrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.”
Guimarães]
Eu tenho aprendido muito nos livros, e com Guimarães Rosa, inclusive.Esse ciclo que ele descreve é fantástico de visualizar no nosso cotidiano. Bom, no meu sim.Este esquenta, esfria, aperta, afrouxa...são ótimos empurrões que a vida nos dá. São ótimos para aprender o que nem sempre encontramos nos livros, o que nunca ninguém vai dizer que já sabia o que ia acontecer se você assim fizesse algo, tomasse alguma atitude ou se a não atitude resolvesse pintar na área.Nesse aperta afrouxa sabemos identificar e, acima de tudo, reconhecer as coisas e pessoas que nos faz bem, nos quer bem. Acho que ficamos mais safos para a vida, para saber viver. Parafraseando os titãs: é preciso mesmo saber viver, como é.Ainda neste esquenta esfria a gente aprende que ficar embaixo de tempestades, do frio faz mal, e do sol também...por isso o filtro solar será meu pastor e jamais deixarei faltar.Acima de qualquer sossego escrito por Guimarães, vivido por mim, por você é a coragem que sustenta os pilares do edifícil. É o que impede que ele desmorone, caia por terra.É dessa coragem que eu gosto de ter a cada dia que vivo.
Café de Hoje

Meus versos trôpegos por hoje serão seus, somente.
Eu gosto de dar pause.
Vou andando lentamente entre os segundos.
Sinto o poro da pausa, a pulsação que corre nas veias.
Por vezes eu dobro a esquina, atravesso a rua, paro embaixo do poste.
É tão bonito vê-lo pousar sob meus braços.
Café com Leminski [2]
.apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.
[Paulo Leminski]
Café Del Mar

Dos dentes brancos, as mãos erguidas, dos pés dançando, das margaridas
Eu tô com falta de sol
Eu gosto do sol que arde e cora e que descasca a pele das costas
Eu gosto do sol que seca, quara, racha, que derrete, ensopa a roupa
Eu gosto do sol que o brilho cega e magnificamente colore as coisas
Eu tô com falta de sol
Me faz querer mar
[Falta De Sol - Fábio Trummer]
Café Ávido

Ávida, a vida.
Peço passagem, passo, parto.
Não sei, talvez um dia saberemos juntos, ou não.
Peça, nessa minha necessidade de estar, então.
Estou, mas já vou sem data para voltar.
Penso, paro e sinto.
Sintonia de vida ávida da essência de mim.
Contenho multidões, mesmo que eu não me consinta.
"Sensibilidade profunda e errante, ávida de desvendar conexões novas entre o mundo do amor e o mundo natural." [Carlos Drummond de Andrade - Passeios na Ilha - p.212]